O Centro de
Referência em Direitos Humanos de Juiz de Fora (CRDH) contribuiu para dar
visibilidade aos casos de violações de Direitos Humanos sofridas por
juiz-foranos durante a Ditadura Militar (1964-1985). Numa parceria com o Comitê
da Verdade local, o CRDH organizou o evento “Memória e Verdade” no último dia
23 de julho.
Na
ocasião, foram entregues 18
depoimentos gravados em vídeo, além de documentos e fotos coletados pelo Comitê,
e que comprovam a prática de perseguições político-ideológicas e
restrições da liberdade e tortura no município.
Em
solenidade no Auditório da OAB, a documentação foi entregue a Gilney Viana, coordenador
do projeto Direito à Memória e à Verdade,
da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). Fundador da Corrente Revolucionária de Minas
Gerais e integrante da Ação Libertadora Nacional (ALN), Gilney permaneceu mais
de sete anos na antiga Penitenciária de Linhares. Foi um dos últimos presos
políticos a deixar o cárcere.
Ele foi levado à Linhares em 19 de maio de
1970, deixando a cadeia em 18 de agosto de 1977. Neste período, ficou pelo
menos 1 ano e meio sob o regime de “trancadura”, sem direito de receber visita,
banho de sol, leitura ou trabalho. “Sou
juiz-forano. Na verdade, sou mais linharense do que juiz-forano", brincou.
Gilney
encaminhou os documentos de Juiz
de Fora a Comissão da Verdade, grupo instituído
pela presidente Dilma Rousseff para apurar violações aos Direitos Humanos entre
1946 e 1988, período que inclui os Anos de Chumbo. "A lista de mortos e
desaparecidos tem 475 casos oficiais, mas há centenas de pessoas que foram
assassinadas por motivações políticas e cujas mortes não foram reconhecidas.
Pessoas que sofreram repressão independentemente de ideologia", revelou
Gilney.
Como
parte integrante do evento “Memória e Verdade”, CRDH da Zona da Mata exibiu, no
dia 24 de Julho, o filme “Zuzu Angel”, que teve parte das cenas gravadas em
Juiz de Fora e que relata a história de Zuzu, estilista em ascensão, cujo
filho, Stuart, se envolveu no movimento estudantil, contra a ditadura.
Stuart
é capturado, morto e dado como desaparecido político, o que leva Zuzu a uma
longa jornada de luta para denunciar a tortura sofrida por seu filho,
conseguindo visibilidade no mundo inteiro. A apresentação do filme integrou o
circuito “Cine Memória e Verdade”, que é uma iniciativa dos CRDH’s (Centro de
Referências em Direitos Humanos) de Juiz de Fora, Petrópolis (RJ) e Nova Iguaçu
(RJ).
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