quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Em busca da verdade histórica


   O Centro de Referência em Direitos Humanos de Juiz de Fora (CRDH) contribuiu para dar visibilidade aos casos de violações de Direitos Humanos sofridas por juiz-foranos durante a Ditadura Militar (1964-1985). Numa parceria com o Comitê da Verdade local, o CRDH organizou o evento “Memória e Verdade” no último dia 23 de julho.
   Na ocasião, foram entregues 18 depoimentos gravados em vídeo, além de documentos e fotos coletados pelo Comitê, e que comprovam a prática de perseguições político-ideológicas e restrições da liberdade e tortura no município.
   Em solenidade no Auditório da OAB, a documentação foi entregue a Gilney Viana, coordenador do projeto Direito à Memória e à Verdade, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). Fundador da Corrente Revolucionária de Minas Gerais e integrante da Ação Libertadora Nacional (ALN), Gilney permaneceu mais de sete anos na antiga Penitenciária de Linhares. Foi um dos últimos presos políticos a deixar o cárcere.
   Ele foi levado à Linhares em 19 de maio de 1970, deixando a cadeia em 18 de agosto de 1977. Neste período, ficou pelo menos 1 ano e meio sob o regime de “trancadura”, sem direito de receber visita, banho de sol, leitura ou trabalho. “Sou juiz-forano. Na verdade, sou mais linharense do que juiz-forano", brincou.
   Gilney encaminhou os documentos de Juiz de Fora a Comissão da Verdade, grupo instituído pela presidente Dilma Rousseff para apurar violações aos Direitos Humanos entre 1946 e 1988, período que inclui os Anos de Chumbo. "A lista de mortos e desaparecidos tem 475 casos oficiais, mas há centenas de pessoas que foram assassinadas por motivações políticas e cujas mortes não foram reconhecidas. Pessoas que sofreram repressão independentemente de ideologia", revelou Gilney.
   Como parte integrante do evento “Memória e Verdade”, CRDH da Zona da Mata exibiu, no dia 24 de Julho, o filme “Zuzu Angel”, que teve parte das cenas gravadas em Juiz de Fora e que relata a história de Zuzu, estilista em ascensão, cujo filho, Stuart, se envolveu no movimento estudantil, contra a ditadura.
   Stuart é capturado, morto e dado como desaparecido político, o que leva Zuzu a uma longa jornada de luta para denunciar a tortura sofrida por seu filho, conseguindo visibilidade no mundo inteiro. A apresentação do filme integrou o circuito “Cine Memória e Verdade”, que é uma iniciativa dos CRDH’s (Centro de Referências em Direitos Humanos) de Juiz de Fora, Petrópolis (RJ) e Nova Iguaçu (RJ).

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